Algo na tela resisteBastardos (2013), de Claire Denis Experiência difícil até de sair da sala de cinema e voltar para o mundo. Perturbação de Bastardos. Claire Denis, como em outras ocasiões, faz um filme difícil de entrar, difícil de digerir. Num desses trailers que destacam frases de textos da crítica sobre as obras, era possível ler que Bastardos era o verdadeiro filme punk do festival de Cannes desse ano. Algo assim, se lembro bem. Por aqui, a gente gosta às vezes de falar em uma pancada. Um
As distorções de um mundo globalizadoUm toque de pecado (2013), de Jia Zhang-ke Diante do contexto das transformações sócioeconômicas da China e seu constante e predatório desenvolvimento capitalista global, o cinema de Jia Zhang-ke sempre pareceu acenar para a possibilidade da vida em outro lugar, abrir fendas a uma realidade posta, apontar para a reinvenção de espaços de existência e a busca por uma certa utopia. Com Um toque de pecado, existe uma inflexão radical de olhar: não há mais fuga ou escapatória, se
Para acreditar no mundoEsse amor que nos consome (2012), de Allan Ribeiro Sair do cinema com a potência de agir aumentada. Afetos alegres têm a ver com isso. Não que Esse amor que nos consome seja uma obra feel good: ou na moda dos filmes hollywoodianos feitos na lógica do entretenimento ou na perspectiva de certa linha de cinema independente com o qual é fácil criar uma rápida identificação e uma aproximação simpática. Esse trabalho de Allan Ribeiro, em co-criação com os artistas Gatto Larsen e Ru
Artesão da superfícieA dança da realidade (2013), de Alejandro Jodorowsky O novo filme de Jodorowsky começa com um menino de peruca correndo e entrando em um circo, a cortina voa e bate na câmera. O plano parece a apresentação não só do filme, mas do próprio cinema do diretor: trata-se de um artista da posta em cena, do espetáculo, mas não o de Hollywood e sim o do picadeiro, ao mesmo tempo que o da viagem e da imersão em outro universo. Um universo que é tratado com toda a pompa e nunca com mais